domingo, 24 de maio de 2015

Abandono.

Naquele quarto o passado me atropelava. Naquele quarto cheio de fantasmas, todas as lágrimas que não me permiti até hoje me mostraram tudo o que abandonei pra poder fugir e me permitir ser. Por todo o egoísmo de ter medo e ainda assim querer ser. Tantas marcas daquele quarto que agora parece pequeno demais pra mim, onde eu me perco na minha própria tristeza. E tudo o que eu fui, todas as saudades e todo o futuro que me amedronta.
O peso do abandono, da solidão de outrem. Naquele quarto eu senti toda a sua solidão quando olhei aquelas marcas, cada pedacinho deixado lá pra te lembrar dos que já foram e dos que não querem mais voltar. Toda a dor de ver que você agora é só, que talvez sempre tenha sido. Que eles vão embora e você fica. Só.
Eu fui embora e abandonei pelo medo de nunca conseguir viver.
Agora sou só. Lá. E você. Aqui.
Nesse quarto, com tantas dores, dores que são grandes demais. Que talvez não exista mais ânimo, que as tuas perspectivas possam ter morrido e você precise sobreviver das lembranças, desse quarto que você deixa intocado, com as marcas de todas as pessoas que passaram e te deixaram. Só.

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