Por dias a fio ele andou por ruas íngremes procurando um espaço para descansar, sofria de uma falta de ser, assim acabou por cair no desgaste e começou a viver só por ter, sem ver os dias e suas luas. Queria se tornar mas não sabia o quê, ansiava por partir mas tinha medo de ir embora.
O cabelo grande escondia os olhos do mundo, impedindo que vissem a tristeza e alegria aleatória que guardava neles. Suas pernas esguias desembaraçavam-se num ritmo leve e descompassado em meio à multidão, fingiu ter pra onde ir embora caminhasse sem rumo. Acendeu um ou dois cigarros durante o percurso somente pelo prazer de brincar com a fumaça e vê-la dissipar-se, dissipar como a si mesmo, aos poucos e sem que ninguém pudesse ao menos perceber.
Repetia num tom inaudível que não devia estar ali, entretanto não sabia onde era certo de estar. E assim foi andando e se perdendo pelas entranhas da cidade, como se nada tivesse a temer, descrevia a si mesmo como tudo era bonito e se perguntava o porquê de nunca ter notado toda essa imensidão antes.
Continuou a andar até não poder mais, sem direção ou limites, trocava passos por palavras, a cada passada uma nova história marcada pela sola do par surrado de sapatos. Era simples, era ele e nada mais.
sexta-feira, 23 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
Enfim era
A voz estridente ressoava pela sala
queria tudo, não tinha nada
dançante no vestido de menina moça
sorria com pesar dos enfins
Pertencia à ninguém
mudava para nunca mais voltar
começo e fim
sem meios-termos
sem rimas ou tropeços
Certa de vida, desaparecia
não era certo, só era mágoa
não era estima, só tinha lágrima.
queria tudo, não tinha nada
dançante no vestido de menina moça
sorria com pesar dos enfins
Pertencia à ninguém
mudava para nunca mais voltar
começo e fim
sem meios-termos
sem rimas ou tropeços
Certa de vida, desaparecia
não era certo, só era mágoa
não era estima, só tinha lágrima.
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